QG Feminista e banheiros públicos femininos

Banheiros públicos femininos

O portal feminista radical trans-excludente QG Feminista fez um post com insinuações de que mulheres trans representam um perigo para mulheres cis em banheiros femininos – com base em absolutamente nenhuma evidência. Citam a organização WHRC, criada pela ativista anti-trans Sheila Jeffreys, que pede, via carta aberta, a eliminação a nível global de todos os direitos coletivos da população transgênera – o que incorreria, se fosse efetivada, em um recrudescimento devastador das condições de vida já extremamente precárias dessa população em tantos países do mundo.

No post, alegam que “políticas de autoidentidade abrem brechas para homens mal intencionados se aproveitarem”. Raciocínio profundamente falacioso, não embasado em nenhuma evidência ou dado empírico.

Banheiros públicos

Não existe fiscal de gênero em banheiro nenhum e isso seria simplesmente inviável, pois é impossível verificar se uma pessoa é trans ou não pelo olhômetro. Ao defenderem políticas excludentes e segregacionistas, essas pseudo-feministas criam o problema prático de constranger mulheres cis em não conformidade de gênero nos banheiros femininos – ou qualquer mulher cis que seja vista como se fosse uma travesti ou mulher trans. Como seriam expulsas mulheres trans e travestis de banheiros em termos práticos?

“Nenhuma minoria está isenta de ter criminosas”. Ora, temos um xeroqui holmis aqui. Mulheres cis também não estão isentas de violentarem e assediarem, nem por isso se propõe que mulheres cis não possam compartilhar os mesmos espaços, não é mesmo?

“Vamos fazer um paralelo com homens gays, eles também são constrangidos em banheiros masculinos, não precisaram colidir com os direitos das mulheres”. Com base em quais evidências isso é alegado? Que pesquisas mostram que homens gays são constrangidos em banheiros masculinos? A argumentação parte do pressuposto de que o uso do banheiro por mulheres trans “colide” com o direito de mulheres cis. Isso é falso. Além disto, é óbvio que homens gays não vão demandar o uso do banheiro feminino – precisamente porque são homens.

A defesa da segregação de um terceiro banheiro para o uso da população trans, tal como defendida pelo portal pseudo-feminista, é, além de impraticável, uma proposta completamente inconsistente com os direitos humanos da população trans e das próprias pessoas cis em não conformidade de gênero – quando algum energúmeno se acha no direito de expulsar pessoas trans dos banheiros, o que se vê na prática são as próprias pessoas cis em não conformidade de gênero sendo constrangidas.

O percebido “risco” à segurança do acesso de mulheres trans aos banheiros reside nessa hipótese de um homem cis mentir que seja uma mulher trans com o intuito de praticar um crime sexual. Mas se o princípio de base é que se trata de um mentiroso que usa de uma mentira para praticar uma ilicitude, não há nada que impeça esse mesmo homem de mentir que seja uma mulher cis, e não apenas uma mulher trans. Não há nada que impeça também esse homem cis de dizer que é um homem trans, caso se use o critério de “sexo biológico” para o acesso ao banheiro; não há nada que impeça esse homem cis de dizer que é uma mulher destransicionada.

Nenhuma mulher cis foi vitimada em razão do fato de respirar o mesmo ar que uma mulher trans respirou em banheiros femininos públicos. O único problema neste caso é outro e infelizmente ainda persiste no imaginário social: a representação de mulheres trans e travestis como “predadoras sexuais em potencial” ao invés de cidadãs com pleno gozo de suas garantias fundamentais, como o direito de ir e vir – além da presunção de inocência.