Arquivo do mês: agosto 2011

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Frente lança marcha em defesa do Estatuto do Nascituro da Retirada da Autonomia de Escolha da Mulher

A Frente Parlamentar Mista em Defesa da Vida do fundamentalismo cristão promove hoje o ato de lançamento da 4ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida. pelo Obscurantismo Fundamentalista Sexista contra a Vida das Mulheres

Arte/Agência Câmara

O estatuto define ignorando a literatura científica e a autonomia de escolha da mulher que a vida começa na concepção.

Organizada pelo Movimento Nacional da Cidadania pela Vida pelo Obscurantismo Fundamentalista Sexista contra a Vida das Mulheres - Brasil sem Aborto, a marcha será realizada em 31 de agosto, na Esplanada dos Ministérios, saindo do Museu Nacional. Os organizadores pretendem entregar ao presidente da Câmara, Marco Maia, um abaixo-assinado com 50 mil assinaturas em apoio à proposta do Estatuto do Nascituro da Retirada da Autonomia de Escolha da Mulher (PL 478/07). Nascituro é o ser humano concebido, mas ainda não nascido, mas que ainda assim é considerado cidadão ao contrário das mulheres que são consideradas sub-cidadãs.

Novamente desconsiderando a escolha da mulher e a literatura cientifica, a proposta define que a vida começa na concepção. O objetivo é não garantir ao nascituro à mulher o direito à vida, à saúde, à honra, à integridade física, à alimentação e à convivência familiar. A marcha defende o substitutivo da relatora do estatuto na Comissão de Seguridade Social e Família, deputada Solange Almeida (PMDB-RJ).

O substitutivo não altera o artigo 128 do Código Penal, que autoriza o aborto praticado por médico nos casos de estupro e de risco de vida para a mãe, mas que vai dificultar em casos do tipo. Em caso de estupro, o substitutivo prevê assistência pré-natal, com acompanhamento psicológico para a mãe, e o direito de ser encaminhado à adoção, caso a mãe concorde. Identificado o genitor do nascituro ou da criança já nascida, este será responsável por pensão alimentícia e, caso ele não seja identificado, o Estado será responsável pela pensão ele será preso por ter estuprado uma mulher.

Ao nascituro com deficiência, o projeto garante todos os métodos terapêuticos e profiláticos existentes para reparar ou minimizar sua deficiência, haja ou não expectativa de sobrevida extrauterina.

O projeto original proibia a manipulação, o congelamento, o descarte e o comércio de embriões humanos, com o único fim de serem suas células transplantadas para adultos doentes - práticas consideradas “atrocidades” pelos autores da proposta. O substitutivo retirou essa proibição.

A proposta foi aprovada pela Comissão de Seguridade Social e Família, na forma do substitutivo de Solange Almeida, e ainda precisa ser votada pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois, seguirá para o Plenário.

(http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/DIREITOS-HUMANOS/201464-FRENTE-LANCA-MARCHA-EM-DEFESA-DO-ESTATUTO-DO-NASCITURO.html)

Fixed. =)


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Novamente sobre discursos– O quadro do Zorra Total e a “ingenuidade” dos ativistas de esquerda

As últimas discussões via twitter entre ativistas de DH ditos de esquerda e feministas revelaram-se uma fonte de observação muito interessante de discursos machistas – os quais estes ativistas juram nunca terem proferido.

Já expliquei amplamente na postagem anterior o porquê da ilusão do ativista imune aos preconceitos, (e com efeito, qualquer outra pessoa que não se diga ativista de DH). No entanto, parece-me que os blogueiros ativistas ou são ingênuos ou de fato não conseguem enxergar além de seus privilégios.

Não obstante acuradas reflexões sobre política, denunciando as estratégias ideológicas de políticos e partidos de direita (e de esquerda) ou do PiG, quando chegamos à questão machista se fazem de ingênuos, e todo aqueles discursos para desconstruir a ideologia da direita desaparece frente ao reducionismo do “exagero”. Idelber Avelar discutiu a respeito bastante sabiamente à época do episódio Nassif.

Por que ao criticar as práticas e discursos da direita e do PiG mostram-se bastante precisos e munidos de ferramentas, mas em relação aos discursos machistas são tomados de uma cegueira ingênua?

Como sempre, parece que a luta das mulheres e o feminismo revela-se para estes senhores, algo menor e exagerado: não é exagero criticar o PiG quando este se põe a atacar o MST em suas manchetes ao usar termos como “invasão” em vez de “ocupação”, mas certamente é exagero quando aponta-se um programa do PiG que se revela sexista.

Darei os pingos nos ís. Jean Wyllys em seu twitter, quando questionado sobre a nocividade do programa Zorra Total, no quadro “Metrô Zorra Total” – o qual não irei discutir aqui, posto que a Lola e a Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU já discutiram ampla e precisamente o quadro – entendeu que havia misoginia mas não achou nocivo a ‘nível’ de Rafinha Bastos.

Para mim o quadro é bastante ofensivo e nocivo, mas o ponto não foi Jean Wyllys, e sim os ativistas da minha TL achando que o reclame do quadro era exagero, que era ‘humor negro’, que o ‘politicamente correto’ já cansou (qualquer similaridade com argumentos da direita é mera coincidência) etc.

Com efeito, decorre daí que o quadro não está sujeito a nenhuma análise mais objetiva desses ativistas, que apenas preferem tachar como ‘humor negro’ e que seria “exagero” reclamar dos mesmos, e logo apelam-se para os argumentos da ‘patrulha’ (novamente, qualquer similaridade com argumentos da direita é mera coincidência). No entanto não é patrulha nem exagero criticar veementemente quem é a favor de Belo Monte, nem do ridículo PNBL, e Ai5 digital.

Um dos argumento que utilizaram - vale a pena reproduzir aqui pelo seu absurdo ao meu ver – é que o quadro representaria um “humor crítico”, e fizeram referência à extinta TV Pirata e trapalhões. Ora nunca ouvi tamanho absurdo. Para aqueles que esqueceram, vale a pena relembrar que a TV em sua atual configuração tem um, e apenas um único objetivo: obter audiência para ter mais anunciantes. Com efeito, não há coerência em exigir da globo, por exemplo, qualquer defesa de DH, uma vez que seu objetivo é obter capital, e seria mais pertinente criticar a televisão como o todo em sua configuração capitalista, como aponta Fabiano Camilo aqui.

Dessa forma, não há remotamente para a Globo o interesse ou objetivo de usar o humor como crítica, seus interesses são os do capital que por sua vez prefere manter o status quo através da ideologia.

É cabível encerrar aqui com a questão da ideologia. Para aqueles ativistas que acham que @s feministas “chilicam” por coisas menores, exageradas, talvez pensem que estas tiraram seus argumentos da cartola, exprimindo algum sentimento “histérico” e “agressivo” (como eles gostam de chamar). Talvez fosse bastante proveitoso que essas pessoas fossem lembradas que é a Línguística a disciplina que se dispôs a analisar a língua, linguagem e suas utilizações e implicações. Por isso, poderíamos seguramente recorrer à Análise do Discurso e à Semântica da Enunciação (ou Argumentativa), por ex. para nos munirmos de um arcabouço teórico que suportaria todas essas análises “exageradas” e ainda que essa fonte se esgotasse poderíamos recorrer às Semióticas. Para citar alguns exemplos de teóricos que contribuíram para esse mesmo arcabouço teórico, temos Lacan, Pêcheux, Foucault, Maingueneau, Bakhtin entre outr@s.

Por isso, blogueiros de esquerda, não sejam tão rápidos em tachar todas as reclamações feministas como “exageradas”, pois não estamos falando arbitrariamente. Feministas não querem “causar”, estamos constantemente sendo bombardeadas pela mídia e pelos discursos conservadores da direita, e quando vamos aos blogs de esquerda, pensando estarmos ‘seguras’ em algum tipo de ‘refúgio’ ainda temos que lidar com as ‘ervas daninhas’ machistas que eventualmente surgem. É bastante frustrante, para não dizer desestimulante.

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