Arquivo do mês: outubro 2011

Dia 22/10 – Dia Internacional de Ação pela Despatologização Trans* e a falta de visibilidade no Brasil

Este post está atrasado. Desde sexta feira corro contra o tempo para conseguir sentar e escrever sobre o dia 22 de outubro, dia marcado pela militância trans* como Dia Internacional de Ação pela Despatologização Trans* [International Day of Action for Trans Depathologization]. O máximo que consegui fazer foi verificar desde sexta no twitter, FB e nos blogs ativistas brasileiros (LGBT’s, políticos esquerdistas, feministas etc.) que sigo, se havia alguma menção à data. Nada. Nem sequer a menção ou referência à algum link externo. Nem nos blogs somente de ativismo trans*. Parece que infelizmente, pode soar eurocêntrico, mas enquanto engatinhamos, a Europa e EUA (e também o Canadá) estão sempre muito a frente quando a questão é militância e ativismo de diversos tipos, não só LGTB e o L, B e T realmente fazem parte da sigla. Fiquei indignada com a total falta de visibilidade, pois o assunto da patologização da transexualidade é muito sério e foi/tem sido amplamente discutido em fóruns e debates acadêmicos em congressos e seminários no Brasil (e não é recente, já fazem anos).

Nada foi mencionado aqui, alias nem o é geralmente em nenhum blog que conheço. O debate que ocorre na esfera acadêmica também não tem grande visibilidade, muito embora existam pesquisador@s com grande prestigio que, inclusive, palestraram no ciclo de debates da parada do orgulho LGBT, como a Dra. Berenice Bento. No entanto, não parece haver nenhum interesse na luta a favor da despatologização das identidades trans* pela militância LGBT, ou eu deveria dizer G, aqui no Brasil. Muito se alardeia quando um@ religios@, deputado, enfim, uma figura pública, se dá a falar “homossexualismo” [sic] e faz comparações da homossexualidade com pedofilia ou então afirma ser ‘mesmo’ uma patologia. Porém a própria militância não tem interesse em se educar em relação as questões trans*, e para além disso, se educar em relação as questões das pessoas com corpos GNC (gender-non-conforming; com gêneros em desconformidade, em tradução livre) pois há em ascensão já fazem décadas movimentos “dissidentes” de pessoas que não se identificam mais como trans* (mesmo trans* sendo usado como um umbrella term), e preferem se identificar por outras denominações que não são excludentes e não convém mais falar em ‘desconformidade do gênero com o sexo’ (a associação de palavras é “desajuste” ou “correção” – o que há de ser ajustado ou corrigido, eu pergunto?) com o sexo sendo como normativamente se acredita (“biológico”), mas uma não-conformidade “geral” em que um ponto de apoio (uma baliza) não existe ou é múltiplo e difuso, de modo que não se possa determinar uma conformidade entre a morfologia e a performance. A Teoria Queer já vem a anos apontando fenômenos de performances de gênero e/ou atos/performances corporais subversivas, isso não é nenhuma novidade.

Porém, para não desfocarmos da luta da despatologização, o ato se dará principalmente ano que vem, (siga este link para o website oficial: STP - Stop Trans Pathologization 2012) pois a OMS e os órgãos psiquiátricos responsáveis irão revisar os textos onde as identidades trans* estão catalogadas como patologia em 2012, e por isso um ato ativista organizado por ativistas europeus e estadunidenses/canadenses ocorrerá na mesma época. Quem sabe até lá os ativistas brasileiros acordaram e resolveram se educar?

Para finalizar, fiquem com o video do website oficial, em português de Portugal:

PS: Até a finalização desse post, só haviam mencionado o dia 22/10 os sites/blogs que eu linkei aqui. Se alguém tiver conhecimento de algum blog brasileiro, por gentileza peço que me informe, pois é muito importante.

PS²: Eu já expliquei o sentido de umbrella term e o asterisco na palavra trans no post anterior. Porém existe agora uma página no blog para a explicação do termo, e toda vez que se fizer referência em algum post haverá pelo menos um link para a página.

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Arquivado em Despatologização, Genderqueer, Invisibilidade, Militância, Política, Trans*

Fixed.

Escola substitui ensino religioso por ética; professora é transexual

A Escola Estadual de Ensino Fundamental Rio de Janeiro, de Porto Alegre (RS), substituiu o ensino religioso, que é facultativo, por aulas de ética, cidadania e arte ministradas pela trans* exual Marina Reidel (foto), 40.
Marina é professora concursada – não pode, portanto, sem demitida, a não ser por uma falta grave. Ela ingressou no magistério com o nome de Mario com o nome que lhe foi designado ao nascer, conforme ainda consta em seus documentos civis.
A extinção do ensino religioso na escola não é recente e tem a ver, em parte, com a decisão de Marina de assumir a transexualidade.
Em 2006, ainda identificando-se pelo nome designado ao nascer, Marina o então Mário, que estava na Rio de Janeiro havia 3 anos, se afastou uns tempos das aulas para se re-identificar fazer uma plástica e assumir sua nova identidade, enquanto a direção da escola preparava os alunos para entender a transformação do professor em professora da professora.

“Eles [os alunos] estavam com uma expectativa muito grande”, disse Marina.
Ela voltou às salas de aula com vestido e saltos altos. “Fui muito bem recebida”, afirmou. “Não tive nenhum problema com os estudantes nem com seus pais. Todos sabem que sou transexual e respeitam o meu trabalho”.

Marina dá aulas para as turmas de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental. Ela é também mestranda em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em novembro do ano passado, recebeu da Global Alliance for LGBT Education o prêmio nacional “Educando para a Diversidade Sexual”.
A professora afirmou que a maioria dos seus colegas não discute com os alunos a homofobia por acomodação ou falta de interesse.
“Eles [os professores] afirmam que o tema não tem relação com a disciplina deles”, disse. “Mas eles precisam entender que se trata de algo que faz parte de nossa vida, está nos meios de comunicação, na internet. Bastaria que convidassem um especialista para levar a discussão aos estudantes.”

Com informação do portal Terra.

Leia mais em http://www.paulopes.com.br/2011/05/escola-substitui-ensino-religioso-por.html#ixzz1bPJeYr18
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Subversiveopendiscourse: Texto retirado do link acima e modificado. Fixed. =)

Obs. O asterisco do termo trans (*) refere-se à transformação do termo em um umbrella term, ou seja, um termo geral englobador.

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Arquivado em Cissexismo, LGBT, Queerfixes, Transfobia