Arquivo do mês: fevereiro 2013

“Organização Mundial de Saúde (OMS): A transexualidade não é uma doença mental.
”

Há uma petição no change.org pedindo o fim da patologização das identidades trans* pela OMS.

Agradeço Sabrina Alves e Sueli Guarani Kaywoá pela tradução e revisão.

A petição pode ser vista aqui.

Organização Mundial de Saúde (OMS): A transexualidade não é uma doença mental.


Petição por 
Carla Antonelli

Madri, Espanha

Eu não estou doente. Na verdade, estou ótima!


Contudo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) insiste em dizer que sim. A transexualidade segue fazendo parte da lista de doenças mentais da OMS. Considerar as pessoas transexuais como doentes mentais só serve para contribuir com a discriminação. Por isso, são muitos os países que vem pedindo a OMS que a tire da lista. Incluíndo o Parlamento Europeu que aprovou em setembro de 2011 uma resolução pedindo que a OMS deixasse de considerar a transexualidade como uma doença.

A OMS está revisando esta classificação. Portanto, este é o momento que devemos dizer em alto e bom som: nós transexuais não somos doentes. Como aconteceu com a homosexualidade que saiu dessa lista em 1990, agora é o momento de se deixar de estigmatizar as pessoas transexuais.

Isso não implica que sejamos excluídos do sistema de saúde: as mulheres grávidas não estão doentes, e há um protocolo e assistência de saúde para elas.

Em 20 de outubro se celebra o Dia Internacional da Ação pela DespatologizaçãoTrans*.

Assine essa petição e peça à Organização Mundial de Saúde que deixe de considerar a nós, pessoas Transexuais, como doentes mentais. 
Essa petição tem iniciativa da FELGTB (Federación estatal de lesbianas, gays, transexuales y bisexuales) da Espanha, e é apenas um grão de areia em prol do longo trabalho pela despatologização Trans* realizada por muitas organizações internacionais.

Pessoas em muitos outros países criaram petições para apoiar esta campanha e estão contribuindo com assinaturas para alcançar este objetivo.

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Resumo da Semana!

A seção “Resumo da Semana” irá expor os acontecimentos semanais envolvendo questões trans* ou ativistas no geral, com um breve resumo descontraído das notícias.

  • Primeiramente, Nell Isabelle – infelizmente mais um dos (muitos) casos de pessoas trans* impedidas de usar o banheiro de identificação. O pedido para ser chamada pelo nome correto também foi negado. Cissexismo que se consolida institucionalmente através do apelo à legitimação do estado junto aos documentos oficiais para que, então, um sujeito trans* possa ser tratadx pelo nome correto e ter acesso ao banheiro de sua preferência:

    “Disseram que eu poderia constranger alguém se usasse o banheiro feminino. Isso me foi dito pela Direção. Preciso de documentos mostrando que me chamo Isabelle para ser chamada de Isabelle e preciso que os documentos constem ‘feminino’ para usar o banheiro”

    Confira a notícia aqui: http://migre.me/dn3K4

    E o vídeo: http://migre.me/dmOXE

Porque, como sabemos, para mijarmos irmos ao banheiro temos que pedir autorização do Estado…

  • Felizmente uma notícia boa: Argentina irá estender o reconhecimento da alteração do nome para pessoas trans* estrangeiras residentes no país!

    Veja aqui: http://migre.me/dmNn7

  • Está rolando por aí uma petição na Avaaz para cassar o CRP do Malafaia. Não sabemos se dará em algo, mas assinamos qualquer coisa que seja contra o Malafaia…
  • O Site Autostraddle está precisando de blogueiras trans* que terão de escrever em inglês, mas estão pagando $50 por artigo! Vale a pena dar uma conferida aqui (em inglês).
  • Como nem tudo são flores: Kyvia Torres, uma mulher lésbica, foi brutalmente agredida por – adivinhem – policiais que foram chamados após algum homofóbico nojento transeunte se incomodar com uma briga dela com a companheira. Ela teve os dedos decepados: http://migre.me/dmO70 E como essa notícia mal cita homofobia porque imaginem isso não existe, veja essa aqui: http://migre.me/dmOkC
  • A lymda página do FB “Menos Apagamento, por favor” agora tem um tumblr que nós trataremos de seguir imediatamente! <3
  • Há um projeto de Feminismo Intersecional ma-ra que surgiu essa semana, super recomendo!

    Confira um trecho da proposta do projeto:

    “Sabemos que nenhum movimento social é perfeito, mas ao longo dos anos a corrente principal do feminismo insiste em ignorar as causas e as vozes de pessoas que não fazem parte do perfil branco, cis, hétero e de classe média, para dar alguns exemplos. Ninguém tem o direito de invalidar a prática do feminismo de quem quer que seja. Não é a nossa intenção, pelo menos. Mas aqui iremos questionar e criticar esse feminismo tradicional, queremos desconstruir a ideia de que é possível apenas uma ramificação do movimento falar em nome de todas as outras. Queremos e vamos dar espaço efetivo a essas pessoas silenciadas.”

E por enquanto é só. Até semana que vem…

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Sexo Fat¹ como Sexo Queer

Por Pinky Madison*

(Aviso: Eu tenho 5’7″ e peso 275 lb. [aproximadamente 1,70m e 124 kgs]. Eu uso o termo “fat” porque não associo nenhum tipo de banalidade moral à palavra. Apenas utilizo o termo como uma forma de descrição - e é esse o sentido que busco).

Várias semanas atrás, a comunidade online de gordoaceitação se enfureceu quando Maura Kelly, que contribui para a Marie Claire, escreveu sua opinião sobre Mike & Molly, uma série com dois personagens gordxs que se conhecem num encontro do Comedores Compulsivos Anônimos, e então começam a namorar.

Então, sim, eu acho que ficaria enojada se tivesse de assistir dois personagens cheixs² de banha se beijarem… Porque eu ficaria enojada se tivesse que assistir elxs fazendo qualquer coisa. Para ser rispidamente honesta, mesmo na vida real acho desconfortável esteticamente ver uma pessoa que seja muito muito gorda simplesmente atravessar uma sala - Como eu acharia angustiante ver uma pessoa muito bêbada cambalear dentro de um bar, ou uma pessoa viciada em heroína caindo da cadeira.

Quando li isso, obviamente minha primeira reação foi ficar bastante nervosx, mas deixando isso de lado, pensei sobre reclamações que as pessoas fazem em relação aos programas com personagens homossexuais, particularmente homens gays no geral, considerando que há uma aceitabilidade de mulheres convencionalmente atraentes se beijarem na TV.

Lesley Kinsel, uma blogueira que adoro, fez uma postagem sobre como o “ser gordx” queerifica as pessoas. Eu queria achar a postagem para citar, mas recentemente ela mudou para outro website e por isso meus favoritos não funcionam. Quando homens ganham peso, tendem a ficar mais arredondados. Nossa cultura zoa homens por “peitinhos”³ quando eles têm o que é considerado um excesso de gordura no tórax. Gordura feminiliza homens. Quando mulheres ganham peso, a tendência é que vá para os quadris, coxas e peitos inicialmente - e isso pode ser aceito como “curvas” por um tempo - mas quando ganham muito peso, as mulheres ficam maiores e há a diminuição das curvas em detrimento da presença de gordura em todo o corpo. Assim, a percepção exterior de gênero das pessoas gordas pode ser queerificada por algo que está fora de controle.

Na cultura do álcool das faculdades, existe inclusive uma noção comum de estar “bêbado o suficiente para pegar gordas”, significando que uma pessoa (geralmente um homem) só irá se interessar por alguém vistx como gordx após estarem bêbados. Às vezes, há até a ideia implícita de que essas pessoas bêbadx estão fazendo um favor ao se envolverem com meninas gordas. Coisas parecidas também podem ser ditas sobre o comportamento homossexual em pessoas que se identificam como hétero, quando bebem. Músicas como “I Kissed A Girl” da Katy Perry discutem a noção de ser “bi-curiosx”. Parece que é um fenômeno comum em nossa cultura da expectativa de mulheres bêbadas se pegando, e dependendo da situação, às vezes isso também é esperado de homens - embora seja muito menos comum.

Questões queer e Questões Fat têm diferenças óbvias, e certamente não estou tentando colocar que toda pessoa gorda é queer, ou mesmo que qualquer pessoa que transe com uma pessoa gorda seja queer. Algumas das práticas culturais em relação ao “ser queer” e “ser gordx” são bizarramente similares de uma forma problemática.

Original: http://ascqueertheory.blogspot.com.br/2010/12/fat-sex-as-queer-sex.html

¹ N.T. Sexo Gordo. O Termo Fat foi mantido no original em consonância com o termo queer.

² Em alguns casos, onde considerei pertinente, as palavras foram neutralizadas pelo “x”, visto que na Língua Inglesa não há desinências de gênero.

³ Manboobs, no original.

*Tradução: Hailey Kaas

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Um filho teu não foge à luta!

Recebemos esse texto semana passada, na ocasião do Dia da Visibilidade Trans. Infelizmente não foi possível publicá-lo no dia, porém acreditamos que o texto ainda se aplica, pois todos os dias deveriam ser Dia da Visibilidade Trans!

Por Menino Guerreiro

Não, eu não sou nacionalista. Aliás, bem antes de conhecer os debates sobre o tema eu já era avesso a esses sentimentos. O assunto é outro. Simplesmente comecei a escrever abordando o hino nacional porque desde pequenino adorava ouvir esta frase. Demorei quase a vida inteira pra entender por que.

Nem filho eu sou. Só tive mãe, mas aos 13 anos foi ela que fugiu. Desistiu da vida, e por mais que isso possa parecer estranho, foi sua desistência que me ensinou que isso não era pra mim. Para proteger quem deveria me cuidar, fiquei trancado no quarto, fingindo que nada sabia, para que minha avó não fosse tomada de desespero. E assim, sozinho, sem o direito de derramar uma única lágrima, aprendi que era mais forte. Eu não deveria ser, eu era. Não foi escolha, tampouco desejo. Era questão de sobrevivência: quer viver, então tem que ser assim!

E fui crescendo a cada tropeço ou rasteira que vivia. Não havia outra chance, era ser forte ou não era. E guerreiro aprendi a ser.

É disso que queria falar. Hoje - dia 29/01 - dia da visibilidade trans. Tenho minhas dúvidas quanto à tão falada visibilidade, mas como aprendi que “é incrível a força que as coisas têm quando elas realmente precisam acontecer“, hoje almoçando no RU fiz minha comemoração particular desta data.

Tinha ido almoçar com um colega que há tempos conversava sobre tudo, trivialidades até os gastos abusivos com xerox para o curso. Lá pelas tantas, calourxs chegam para desfrutar de sua primeira refeição no restaurante universitário, um autêntico ritual de passagem!

Talvez pela chegada dxs novatxs resolvemos falar sobre nossos projetos de pesquisa. Talvez, não sei ao certo. Ao terminar de explicitar meu projeto para o mestrado, este colega me pergunta sem delongas, usando apenas para “amaciar” a indagação a estratégica afirmação: “se você não quiser responder tudo bem (poderia ser diferente?), é só uma curiosidade… Com tanta “sutileza” nem minha ingenuidade conseguiu não adivinhar a pergunta que viria… Contudo, um filho teu não foge à luta

Veio o inquérito: - “Qual a sua relação com a transexualidade?

Relativizando o tempo, em segundos recordei todas as pessoas que conheci sem direitos a uma existência digna, que não ousam sair de suas casas por medo (ou cansaço) do que lhes acontece em espaços “públicos”, que são o alvo predileto de toda sorte de “piadinhas” e todas as porcarias reverenciadas na atualidade com o título de “bom humor”, que notoriamente são amigxs, colegas, parentes, “conhecidxs”, porém que algumas não tiveram a oportunidade de serem amores. E por tudo isso e um pouco mais, soube que não caberia a escapatória despretensiosa. Posso não ter orgulho de ser uma pessoa trans, porém não é uma alternativa válida a vergonha.

E naquele instante, abri meu armário tão fielmente trancafiado, meu cofre blindado tinha sido arrombado… Apenas respondi:

  • É a minha vida.

    Não contente, esperando uma confirmação menos segura, o colega tentou explicitar:

  • Você é transexual?
  • Sim.

    Com um singelo sim, sem apêndices, expressei minha história. Não sei se ele ficou (e ainda está) assustado, sentindo-se enganado (afinal, não serei mais tão amigO dele), confuso ou qualquer coisa que seja. Todavia, isto é assunto para ele. Em sua indiscrição, depois de algum tempo, questionou-me se desejo ter filhos. Minha resposta foi a mesma de sempre:

  • Sou feliz em ser pai de quatro gatos.

    Qual era a intenção da pergunta não descobrirei. Como ele vai lidar com isso não me interessa. Só sei que no meio da conversa, e ao lembrar que na maioria das vezes, para a maioria das pessoas, nossas dores não são tão dolorosas (ou até merecemos), percebi que ele deveria estar curioso com o nome que arbitrariamente me foi imposto. Não disse a ele nem o farei a qualquer outrx que estiver com a curiosidade inflamada.

    Para todxs ou para ninguém, e somente para mim sou o Menino Guerreiro. Este é o nome que sempre quis. Menino porque sempre me encantou a doçura e a genialidade da infância que se contenta em brincar de ser feliz e guerreiro porque aprendi a ser mais forte que o sofrimento, mais estratégico que os obstáculos e mais valente que o ódio e a aversão a mim desferidos. Esta é a minha (e de todxs nós guerreirxs) proeza, ainda não houve repugnância ou terror que me tire a essência de ser Guerreiro e Menino.

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QUAIS CAMINHOS PARA A CIDADANIA TRANS?

Esta postagem faz parte da blogagem coletiva da Semana da Visibilidade Trans.

Por Jaqueline Gomes de Jesus*1

“Se a mente do oprimido é manipulada (…) até o ponto dele se considerar inferior, não será capaz de fazer nada para enfrentar o seu opressor”, Steve Biko.

Esta será mais uma conversa sobre gênero, entretanto, falando de mulheres e homens que costumam ser esquecidos quando se fala de gênero.

Até muito pouco tempo atrás, no final do século XX, era comum ouvir pessoas falarem que “as mulheres começavam a se inserir no mercado de trabalho”. A tal afirmação, os mais atentos respondiam:

— Como assim, “cara pálida”? Mulheres sempre trabalharam!

Para esclarecer esse debate, vou transcrever um trecho de artigo que escrevi para o Observatório da Imprensa, por oportunidade do Dia Internacional da(s) Mulher(es) de 2012:

“As mulheres sempre participaram do mundo do trabalho: subalternizadas, mas estavam lá. A partir das novas ideias e comportamentos trazidos com o movimento feminista e a liberação sexual, a percepção sobre quem são as mulheres se ampliou, deixou de apenas se remeter à mulher branca, abastada, casada com filhos, e passou a acatar a humanidade e a feminilidade de mulheres outrora invisíveis: negras, indígenas, pobres, com necessidades especiais, idosas, lésbicas, bissexuais, solteiras…”*2.

Sojourner Truth (1797–1883), abolicionista e ativista dos direitos das mulheres, primeira negra norte-americana a ganhar um litígio judicial contra um branco, perguntou, durante uma Convenção dos Direitos das Mulheres do estado de Ohio, em dezembro de 1851:

“Aquele homem ali diz que mulheres precisam ser ajudadas para subir nas carruagens, e que têm de ser levantadas sobre as valas, e ter o melhor lugar, onde quer que estejam. Ninguém nunca me ajuda a subir nas carruagens, nem a passar pelo lamaçal, nem me dá qualquer lugar melhor! E eu não sou uma mulher?”*3

A imagem de “mulher” estava atrelada — e provavelmente continue estando — a um modelo específico de mulher: a mulher branca de classe média que pode reproduzir. Muitas vertentes do feminismo adotavam essa versão da história e da humanidade, com opositoras aqui e ali, até que, nos anos 70, surgiu o feminismo negro, com sua crítica ao racismo e ao essencialismo biológico nas discussões sobre gênero, afirmando que mulheres negras eram mulheres.

Semelhante afirmação pode parecer redundante hoje, porém, estranhamente, neste início de século XXI, ainda é preciso escrever e gritar que não existe uma mulher, mas mulheres, e que algumas mulheres são mulheres: estou falando das mulheres transexuais, e se pensarmos em homens, também estou falando dos homens transexuais.

A população transgênero, ou simplesmente trans, mas principalmente as travestis e os homens e as mulheres transexuais, têm muito a aprender com o feminismo negro. Esta vertente do feminismo que temos tecido há algumas décadas, e que aos poucos vem sendo reconhecida como um dos feminismos, o feminismo transgênero ou simplesmente “transfeminismo”, é herdeira das melhores críticas feministas negras.

Eu, pessoalmente, acredito que o pensamento transfeminista, mesmo que não seja aplicado estritamente da forma como o definimos, é um dos caminhos para a plena cidadania trans, uma cidadania que não começa outorgada por alguém, dada gentilmente por um “outro” generoso (comumente um poderoso cisgênero*4), uma cidadania tutelada, mas, isso sim, uma cidadania que começa dentro das pessoas trans, exigida individual e coletivamente, uma cidadania conquistada.

O cidadão, mais do que ser somente uma pessoa com um registro civil e direito a voto, é alguém que tem o direito sobre si mesmo, é sujeito de sua vida, e não objeto de outros.

Falo de uma cidadania que começa com o reconhecimento, por parte das próprias travestis e das mulheres e homens transexuais, de que são seres humanos tão dignos quanto quaisquer outros; passa pela constatação de que, apesar do truísmo, da verdade evidente, de que são pessoas, não são tratadas da mesma forma que as outras; e avança por meio da denúncia e do repúdio à injusta segregação cotidiana contra o direito à vida e à identidade de gênero das pessoas trans.

Quando um grupo social vai paulatinamente conquistando sua cidadania, não apenas ele e seus integrantes ganham com isso, mas, igualmente, toda sociedade que se pretende democrática. Não vivemos sequer próximos do mundo ideal, mas avançamos demais, como humanidade, com as lutas diárias contra qualquer forma de discriminação e pela isonomia entre os seres humanos.

Esta nova linha de frente, a batalha pelo reconhecimento da humanidade e do gênero das pessoas trans, não constrói tão-somente a cidadania trans, ela alcança todas e todos os cidadãos, transforma as nossas concepções limitadas acerca dos gêneros e de como eles podem ser vividos.

Enfim, estou falando da liberdade de sermos quem somos: há muitos caminhos para se chegar lá, no entanto, enquanto as pessoas cisgênero continuarem gozando dos seus direitos e, de forma egoísta, mantendo a guarda dos direitos e das vozes das pessoas transgênero, ambas continuarão longe de serem livres.

*1 Jaqueline Gomes de Jesus é doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília – UnB e pesquisadora do Laboratório de Trabalho, Diversidade e Identidade – LTDI/UnB.

*2 “Trabalhadoras Transexuais em Destaque”, artigo publicado em 13/03/2012, na edição 685 do Observatório da Imprensa, disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed685_trabalhadoras_transexuais_em_destaque.

*3 O texto completo do discurso original de Truth, “Ain’t I a Woman?”, está disponível no site http://www.fordham.edu/halsall/mod/sojtruth-woman.asp.

*4 Por “cisgênero” me refiro à população composta por pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi atribuído ao nascimento, diferentemente da população transgênero. Essas definições são aprofundadas no livro “Orientações sobre Identidade de Gênero”, disponível em http://www.sertao.ufg.br/pages/42117.

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