Por Pinky Madison*
(Aviso: Eu tenho 5’7″ e peso 275 lb. [aproximadamente 1,70m e 124 kgs]. Eu uso o termo “fat” porque não associo nenhum tipo de banalidade moral à palavra. Apenas utilizo o termo como uma forma de descrição - e é esse o sentido que busco).
Várias semanas atrás, a comunidade online de gordoaceitação se enfureceu quando Maura Kelly, que contribui para a Marie Claire, escreveu sua opinião sobre Mike & Molly, uma série com dois personagens gordxs que se conhecem num encontro do Comedores Compulsivos Anônimos, e então começam a namorar.
Então, sim, eu acho que ficaria enojada se tivesse de assistir dois personagens cheixs² de banha se beijarem… Porque eu ficaria enojada se tivesse que assistir elxs fazendo qualquer coisa. Para ser rispidamente honesta, mesmo na vida real acho desconfortável esteticamente ver uma pessoa que seja muito muito gorda simplesmente atravessar uma sala - Como eu acharia angustiante ver uma pessoa muito bêbada cambalear dentro de um bar, ou uma pessoa viciada em heroína caindo da cadeira.
Quando li isso, obviamente minha primeira reação foi ficar bastante nervosx, mas deixando isso de lado, pensei sobre reclamações que as pessoas fazem em relação aos programas com personagens homossexuais, particularmente homens gays no geral, considerando que há uma aceitabilidade de mulheres convencionalmente atraentes se beijarem na TV.
Lesley Kinsel, uma blogueira que adoro, fez uma postagem sobre como o “ser gordx” queerifica as pessoas. Eu queria achar a postagem para citar, mas recentemente ela mudou para outro website e por isso meus favoritos não funcionam. Quando homens ganham peso, tendem a ficar mais arredondados. Nossa cultura zoa homens por “peitinhos”³ quando eles têm o que é considerado um excesso de gordura no tórax. Gordura feminiliza homens. Quando mulheres ganham peso, a tendência é que vá para os quadris, coxas e peitos inicialmente - e isso pode ser aceito como “curvas” por um tempo - mas quando ganham muito peso, as mulheres ficam maiores e há a diminuição das curvas em detrimento da presença de gordura em todo o corpo. Assim, a percepção exterior de gênero das pessoas gordas pode ser queerificada por algo que está fora de controle.
Na cultura do álcool das faculdades, existe inclusive uma noção comum de estar “bêbado o suficiente para pegar gordas”, significando que uma pessoa (geralmente um homem) só irá se interessar por alguém vistx como gordx após estarem bêbados. Às vezes, há até a ideia implícita de que essas pessoas bêbadx estão fazendo um favor ao se envolverem com meninas gordas. Coisas parecidas também podem ser ditas sobre o comportamento homossexual em pessoas que se identificam como hétero, quando bebem. Músicas como “I Kissed A Girl” da Katy Perry discutem a noção de ser “bi-curiosx”. Parece que é um fenômeno comum em nossa cultura da expectativa de mulheres bêbadas se pegando, e dependendo da situação, às vezes isso também é esperado de homens - embora seja muito menos comum.
Questões queer e Questões Fat têm diferenças óbvias, e certamente não estou tentando colocar que toda pessoa gorda é queer, ou mesmo que qualquer pessoa que transe com uma pessoa gorda seja queer. Algumas das práticas culturais em relação ao “ser queer” e “ser gordx” são bizarramente similares de uma forma problemática.
Original: http://ascqueertheory.blogspot.com.br/2010/12/fat-sex-as-queer-sex.html
¹ N.T. Sexo Gordo. O Termo Fat foi mantido no original em consonância com o termo queer.
² Em alguns casos, onde considerei pertinente, as palavras foram neutralizadas pelo “x”, visto que na Língua Inglesa não há desinências de gênero.
³ Manboobs, no original.
*Tradução: Hailey Kaas