O que nós perdemos: Resumo da semana - 12/07/2013
Agora no final da tarde (antes tarde do que nunca! ) eis que essa coluna volta, depois de meses largada em hiato para dar informações das coisas interessantes/absurdas/de fazer o cu cair da bunda ocorridas na semana 😀
- A começar pela publicação aqui no TF da tradução de um texto da blogueira Jos Truitt do Feministing falando sobre feminismo, intersecionalidade e questões trans*. Se você perdeu COOORRAAA
- A tradução do texto da Audre Lorde feita pelo blogue de Feminismo Intersecional Questões Plurais foi publicada no Geledés, se você ainda não leu o texto veja aqui no Questões Plurais e aqui no Geledés (é a mesma só muda o website).
- A Marcha da Vadias de Curitiba ocorre amanhã e super recomendo porque de todas as marchas, a meu ver, a que melhor parece dialogar com questões trans* é a de Curitiba. Vejam aqui a página do evento e aqui a página da Marcha.
- Esse texto maravilhoso do Blogueiras Negras (escrito por Larissa Santiago) sobre a palhaçada o episódio de racismo na UFMG porque um jornal publicou esses dias que a faculdade instaurou um processo administrativo que omitiu o racismo da bosta toda do ocorrido (pra variar…).
- E por falar em Blogueiras Negras, não poderia deixar de mencionar o lymdo convite que fizeram para mulheres trans* negras, visando ampliar a pluralidade de vozes do blogue.
- Está rolando a RodAda Hacker, que é um evento onde mulheres programadoras irão ensinar o rolê o ofício para outras mulheres que nunca programaram (ou seja iniciantes/leigas). Tem que pagar e eu não sei qual é a segurança/receptividade em relação às mulheres trans*, mas achei o projeto #dygno de qualquer forma.
- Aproveito para fazer um jabá e divulgar um novo tumblr de citações transfeministas em português. Quem quiser conhecer tá aqui ó. Dá uma olhada no sobre também para entender o projeto.
- Como nem tudo são flores, caiu o cu da minha bunda fiquei indignada essa semana com esse tal projeto que visa proibir propagandas com casais homo…Como se nossa! Uau! tivessem já muitas né? Pelo boto cor-de-rosa viu…
- Por fim, tem uma nova página chamada Transfobia Não que parece promissora e quero divulgar aqui 🙂
Oi.
Meu nome é Barbara e sou uma mulher bi e cis. Eu queria agradecer às pessoas que escrevem para esse blog.
Cresci, como todos crescemos, num mundo machista, homofóbico, racista e tudo o mais e, durante minha adolescencia, lutei dentro e fora de mim contra os preconceitos aprendidos socialmente. Lutei e luto, porque, por mais que eu tente, eu não acho que vá jamais me livrar deles.
De qualquer forma, o que eu queria dizer é que cresci num mundo cis. Nao existia ninguém trans. NINGUEM. Trans eram as prostitutas da lapa e de copacabana. E QUE NOJO! esses homens que faziam sexo com AQUILO. Sabe?
Eu não acho que eu fosse uma monstra por ver o mundo assim. Eu era apenas limitada pelo mundo Cis. O mundo em que pessoas não-cis eram anormalidades.
A gente vai crescendo e, pouco a pouco, as travestis do Rio começaram a fazer parte da minha vida. Bem de leve. Eu trabalho com TV, fiz alguns filmes universitarios, e comecei a conviver com trans nos sets de filmagem. Eu olhava para elas e… eu queria que fosse normal. Eu queria agir normalmente, mas nunca fui capaz.
Mas de repente as pessoas trans pararam de ser monstruosas e eu passei a ser monstruosa porque entendi que tinha um preconceito tao grande que eu nem achava que era preconceito.
Ai, como isso é estupido…
bom, esse assunto acabou por sair da minha cabeça por algum tempo enquanto eu começava a virar adulta e minha preocupação maior passou a ser o aluguel.
Alguns anos atras comecei a ler sobre o feminismo e, desde o ano passado, sobre o transfeminismo. No começo fiquei extremamente culpada. Não por quaisquer atos, mas por não conseguir sustentar um olhar quando falava com pessoas trans. Pelos sentimentos escrotos que eu tinha.
Eu peço desculpas.
Eu ainda não entendo o universo trans. Mas estou tentando entender. Estou tentando ver quais são as questoes que afligem homens e mulheres trans e que são completamente diferentes das que me afligem (tipo, eu nunca pensei que saber que porta de que banheiro usar fosse um privilegio).
Para entender isso tudo, blogs como esse são de extrema importancia para mim porque meu mundo ainda é um mundo de pessoas cis, por mais que boa parte delas seja gay.
Em minha defesa (preciso me defender de mim mesma) tenho o fato de que estou tentando também passar a outros o que aprendi e aprendo todo dia. Explicando a separacão entre gênero e sexualidade para uma amiga, corrigindo meme transfobico no facebook, debatendo via esses problemas que nunca pensei em nem mesmo considerar e, por fim, conhecendo, reconhecendo e promovendo pessoas trans que revolucionam o mundo todos os dias.
Por fim, o que eu queria dizer é: Muito Obrigada e continuem trabalhando!
Um grande abraço,
Barbara
Oi Bárbara, obrigada pela mensagem! Todxs nós estamos tentando nos livrar de nossos preconceitos. É um processo longo e demorado, mas o primeiro passo é tentar né? bjs!