Sobre a invisibilidade dos homens trans: Lourival presente, João Nery presente.
Texto de Eric Seger.
Sobre a invisibilidade dos homens trans
Esse tipo de notícia me lembra histórias como da “Papisa Joana” ou dos esqueletos de vikings q acham evidências de dna de que “eram mulheres”
O cara viveu sendo homem. Após a morte descobrem genitália, órgãos, fisiologia. De repente a vida dele se transforma numa mentira, numa fraude. As pessoas no fim da notícia inclusive se referem a ele como “ela”.
Deuzulivre desrespeitar o supremo deus da associação entre genitália e linguagem feminina.
Quando a gente fala em morte, suicídio, violência e invisibilidade é DISSO QUE ESTAMOS FALANDO.
É de ter que viver uma vida inteira sem documentos, sem poder tomar banho tranquilamente, sem poder dormir tranquilamente, sem poder existir corporalmente tranquilamente sob o risco de ter sua vida inteira apagada. Dizimada.
Quantos viveram assim? Quem tem o direito de contar nossas histórias dessa forma?
Esse é um momento, entre tantos, que tem que lembrar que homens trans existem e merecem respeito. Não é só na hora do glamour trans de revelar a existência dessas criaturas extraordinárias. É na morte silenciosa de um senhor idoso desconhecido, que viveu uma vida simples e que perdeu o direito de ter a memória da sua vida respeitada. É por ele e tantos outros que nós não nos calaremos.
Lourival presente.
João Nery presente.
